quinta-feira, 23 de julho de 2009

O Surgimento do futebol moderno

Inglaterra: Berço do futebol que praticamos.


Para entendermos o futebol moderno quanto a sua formação, é preciso ter esclarecimentos sobre as mudanças históricas ocorridas no seu local de origem, a Inglaterra.

No século XVII, a ilha britânica era marcada por uma intensa disputa política entre a monarquia absolutista e o parlamento inglês. Tal disputa aumentou a tensão nas relações entre os proprietários de terra da ilha, e muitas vezes tais divergências eram resolvidas de forma violenta. Por isso, com a implementação da monarquia parlamentar, tais desavenças passaram a ser de responsabilidade das cortes, cujo papel na transformação do uso da força física em discussões mais "civilizadas" foi decisivo. Dentro dessa óptica, a prática esportiva, muito comum entre os nobres da época, é vista como um meio útil na contribuição do Processo Civilizador* de uma ilha em constante ebulição social.

*Teoria baseada nos estudos do sociólogo alemão Norbert Elias. Essa teoria, publicada pela primeira vez em 1939, abrange uma análise da história, do desenvolvimento cultural, da psicanálise e da teoria social, todos esses voltados para a compreensão de um processo civilizatório de um povo, processo esse de longa duração, existente até hoje, e determinado por ações políticas consequentes dos fatores analisados.

A prática esportiva encaixou-se tão bem dentro desse Processo Civilizador que o futebol era prática educacional dentro das escolas públicas inglesas. No século XIX, principalmente nos anos de 1845 a 1862, ocorriam as primeiras normatizações do jogo. Assim, baseada nas regras determinadas quinze anos antes numa Conferência em Cambridge, em 1863 é criada a The FA-Football Association da Inglaterra e suas regras padronizadas. Esse fato representa a concretização do futebol como um esporte difundido em segmentos da sociedade inglesa, com o surgimento dos primeiros clubes e associações locais (foto abaixo), estes fortalecidos pela criação da citada entidade nacional.

O esporte ainda teve sua expansão impulsionada pela construção das ferrovias, fato que viabilizou a disseminação das partidas de futebol pela ilha. Nesse momento, o football deixava de ser um entretenimento local disputado em pequenas cidades para ser um desporto de caráter urbano e nacional.

Contudo, a sócio-gênese do futebol moderno está ligada aos filhos da elite inglesa que estudavam nas "Public Schools" e tinham, em alguns momentos da prática futebolística, contato com praticantes de outras classes sociais, como os operários e ociosos das cidades industrializadas da Inglaterra do século XIX. Logo, essas pessoas consideradas de classes subalternas conheceram e expandiram a tal prática e contribuíram para o surgimento de jogadores habilidosos, graças a cada vez maior dedicação de tempo dos praticantes. O futebol, com o seu caráter de regras uniformes e cada vez maior em adeptos e competitividade, tornava-se uma moda, e em 1885, mesmo contra a vontade de membros da elite, o futebol inglês é profissionalizado.

A partir daí, o futebol torna-se um espetáculo representado por linguagens, regras definidas, vestimentas próprias, e cada vez mais cheio de pessoas envolvidas, os quais futuramente serão chamados de torcedores. Esse universo rapidamente difunde-se, ainda no séc. XIX, pelos países da urbanizada Europa Ocidental.

Logo, foi dentro do contexto dessa época que um jovem chamado Charles Miller, filho de ingleses radicados em São Paulo, retorna de seus estudos em Southampton, Inglaterra, em 1894. Ele trazia para o Brasil consigo duas bolas de football, além de jogo de uniformes e livro de regras. Era o football surgindo como uma prática anglo-brasileira no futuro país do futebol.



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