Mané Garrincha (* 1933 -† 1983): Sua carreira e vida pessoal. Vídeos de seus gols, dribles e entrevista.

Falar sobre a vida e os feitos de Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha, é discutir um ser humano de personalidade ímpar. De um lado, um garoto humilde descendente de índios nascido e criado em Pau Grande, distrito de Magé-RJ, região serrana do Estado, um local de vida pacata e costumes caipiras; de outro, um jovem habilidoso e esperto com a vida, que driblava com muita destreza qualquer grande jogador de marcação da sua época. Seus joelhos nada ortopédicos caracterizavam-no, como descrito pelo poeta Vinicius de Moraes "um anjo de pernas tortas". O vídeo a seguir mostra um breve resumo de imagens do jogador Garrincha, desde seus primeiros gols no Botafogo, passando pelas copas de 1958, 1962 e 1966, suas últimas aparições públicas (carnaval de 1980) até o dia de sua morte. Após o vídeo, segue um texto com maiores informações tanto da carreira de Garrincha como de sua vida pessoal. No final do artigo, o documentário "Garrincha 75", muito bom e com célebres entrevistas.

Como Garrincha surgiu para o futebol.

Paisagem da região serrana do Rio de Janeiro. No horizonte, entre

as montanhas, situa-se o distrito de Pau Grande, terra de Garrincha.

Desde garoto, Garrincha jogava nos campos de várzea em Pau Grande. Mas em 1953, após ser visto por um jogador do Botafogo do Rio chamado Arati, recebeu o convite para se apresentar num treinamento do clube carioca. Presente no treino que fora convidado, testemunhas da época contam que nesse dia Mané deu um espetáculo com seus dribles sobre aqueles que se atreviam entrar no seu caminho, entre eles o célebre lateral botafoguense Nilton Santos. Garrincha já havia passado por outros clubes da capital fluminense, mas sem êxito. Porém, no Botafogo começou sua carreira vitoriosa.

Clubes, Seleção e Títulos.

Imagem de Garrincha jogando a Copa do Mundo de 1958.

Como já citado, Mané teve o início de sua carreira como profissional no Botafogo do Rio, já nos seus 20 anos de idade. De 1953 a 1958 era considerado por muitos do meio futebolístico como um ponta-direita habilidoso, porém irresponsável demais para ser um grande jogador. No entanto, sua convocação para a seleção brasileira na Copa do Mundo da Suécia em 58, mesmo ainda questionada pelos boleiros da época, foi o grande divisor de águas na sua carreira. Assim como o jovem Pelé, Garrincha começou o mundial na reserva e logo ganhou seu espaço. Após o jogo contra a ex-União Soviética (3º jogo da 1ª fase) veio o reconhecimento de que ele era um fenômeno do futebol mundial. Voltou para o Brasil junto com a taça do mundial e o primeiro título de campeão da competição. Ainda no ano da copa, fez partidas históricas pelo Botafogo, como na final do segundo turno do campeonato carioca contra o Flamengo (bot3x0fla). O estádio do Maracanã vivia lotado em suas apresentações, todos queriam ver o malabarista que garrincha era jogando, tornou-se o famigerado "alegria do povo". Ainda pelo clube alvinegro foi campeão carioca em 1957, 1961 e 1962, campeão do torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964.

Garrincha(16) à frente de Pelé(10) bate falta contra a Búlgaria, Copa do

Mundo de 1966. Juntos na seleção brasileira, Pelé e Garrincha

nunca perderam uma partida.

O auge de sua carreira foi na Copa do Mundo de 1962. Nesse certame, Pelé havia se machucado no segundo jogo da competição, coube então à Garrincha a responsabilidade moral de conquistar o bi campeonato do Mundo. Assim, em partidas memoráveis contra Espanha, Inglaterra, Chile (país anfitrião), e a final contra a Tchecoslováquia, Mané literalmente mostrou que levava a seleção brasileira nas costas rumo ao título conquistado. Veja no vídeo a seguir uma breve entrevista com Garrincha durante esse auge falando sobre o que era para ele ser famoso. Muito interessante, pois é nítido que Garrincha era um rapaz humilde que gostava de jogar futebol, mas não de seus acontecimentos extra campo. Após o vídeo, uma descrição de sua decadência no futebol e sua vida pessoal.

O princípio do fim.

Para muitos jornalistas e boleiros, o princípio do fim da carreira de Mané começa com a sua saída do Botafogo em 1965. No ano seguinte, foi para São Paulo e vestiu a camisa do Corinthians, mas já não mostrava o mesmo futebol. Ainda sim, foi convocado para a envelhecida seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1966, cuja campanha do Brasil com Pelé não passou da primeira fase, num mundial cheio de erros e confusões dos árbitros. Mané ainda vestiu a camisa do flamengo em 1968, do Olaria em1972, além de times do exterior como Atlético Junior da Colômbia.

O Mané de carne e osso.

Contudo, o ser humano Manuel dos Santos era um homem diferente de personalidade entre os seus colegas de campo. Ele não via no futebol uma necessidade de êxito profissional, jogava por prazer e adorava sua vida simples em Pau Grande, não dando a mínima para a fama. Era também um rapaz boêmio, com fama de mulherengo e teve o alcoolismo como o seu parceiro. Teve três esposas, sendo a última Elza Soares, cujo matrimônio foi o mais conhecido. Seu primeiro casamento foi com Nair, namorada de infância de sua terra natal, com ela teve oito filhas. Ainda morando em Pau grande, teve um relacionamento com Iraci, tendo um filho, que morreu aos nove anos num acidente automobilístico. No casamento com Elza Soares também teve outro filho homem, também morto num acidente.

Em 1972 Mané Garrincha encerrou sua carreira profissional. Nos anos seguintes tornou-se melancólico e afundado no vício do álcool. Em 1980 foi homenageado no carnaval pela escola de samba da Mangueira, onde se via um Garrincha cada vez mais enfraquecido. No dia 20 de Janeiro de 1983, morre Garrincha aos 49 anos, ele estava internado na clínica Dr. Erias tratando dos efeitos de seu vício.

Finalmente, segue abaixo o vídeo "Garrincha 75" (dividido em quatro partes), um documentário em comemoração aos 75 anos que Mané Garrincha completaria em 2008, ano do documentário em questão.